Em Machados/PE, a dúvida: menor trabalhar é errado?

Questão recorrente em todas a visitas do Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC), o trabalho infantil sempre é um ponto polêmico. Na Escola Severino de Andrade Guerra, no município de Machados, agreste de Pernambuco, não foi diferente: com várias nuances, a possibilidade de pequenos serviços com a justificativa de “ajudar a família”, foi tema de amplo debate na passagem do TJC nesta segunda-feira (27.8).

O aluno Ramon Braga, do 3º ano A, foi enfático em suas colocações ao questionar a proibição de “ajudar a família, aos sábados, carregando produtos na feira, complementando a renda em casa”.  Para ele, isso não impede de à escola, de estudar, nem de fazer o que quer. Mas prejudica muita a família.

Outros alunos também reforçaram a prática do trabalho infantil na região, além de trazer para o debate temas como a ausência de fiscalização nos locais de trabalho, dúvida da aluna Diana Jeniffer, de 15 anos, do 2º ano.

Na abertura da roda de conversa na escola, os estudantes fizeram uma apresentação teatral chamando a atenção para valores éticos e morais, sob aplausos dos colegas.  A unidade está situada no Agreste, numa região de forte plantio agrícola, com predominância da monocultura da banana.,

Educação como caminho –  Coube ao presidente das Amara VI, Adelmy Acioli, explicar os efeitos nocivos do trabalho infantil e, principalmente, levar os jovens à refletirem sobre a importância da educação como único caminho para um futuro melhor. Ele detalhou as normas para o trabalho infantil, a partir dos 14 anos, como aprendiz; e dos 16 aos 16, com condições especiais.

“O trabalho infantil é uma chaga. Ele chega e as pessoas não percebem seus efeitos nocivos, alguns tão longuínquos, mas muitos perniciosos, que demoramos a perceber”, afirmou, alertando para uma reflexão crítica sobre o problema.

Já Emanuel Figueiredo, do Conselho Tutelar, ressaltou que, em Machados, o problema é ainda mais sério.  E 2014, o município foi autuado pelo Ministério Público do Trabalho pela existência de menores trabalhando em condições desumanas, em locais como o lixão.  Com isso, a fiscalização foi intensificada, gerando muitas reclamações dos moradores locais.

A escola é referência na região e conta com quase 400 alunos. Da visita, participaram representantes da Secretaria de Educação do Estado – por meio da Gerencia Regional de Ensino (GRE) Vale do Capibaribe , Edjane Ribeiro dos Santos, Josemar Barbosa e Marta Ramos;  da equipe da escola, representada pela gestora Adeilda Moura; e dos conselheiros tutelares  Giovana Sena, Eliene de Melo e  Maria da  Conceição Xavier.

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