Adoecimento e assédio moral na magistratura

A pandemia de Covid-19 trouxe diversos impactos na vida cotidiana de toda a sociedade, em especial no mundo do trabalho. De repente, trabalhadores públicos e privados, colocaram em sua rotina o home office, reuniões virtuais, acompanhadas, em muitos casos, por pressões para o cumprimento de metas, com o medo do desemprego, que somente no Brasil atinge mais de 15 milhões de pessoas.

Esse cenário deixa espaço para casos de assédio moral, um tema que foi discutido, na sexta-feira (21.05), por meio de webconferência promovida pela Escola Judicial (EJ6), do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6).

Participaram as juízas Márcia de Windsor (representando a Amatra VI), Ana Freitas (gestora regional do Programa Trabalho Seguro/Getrin6) e os servidores do TRT6 Renato Pinto (assistente social), Marina Moraes (assistente social) e o servidor da Justiça Federal em Pernambuco Isaac de Souza Oliveira (oficial de Justiça e representante do Sintrajuf-PE).

“Fica claro que, nesse momento, processos de controle das ações do empregado foram acelerados, muitas vezes ultrapassando limites e se transformando em modelos de propagação do estresse, tanto no ambiente privado, quanto no público”, explicou a juíza Márcia de Windsor, destacando que essa tendência se instaurou até no ambiente da magistratura, com a busca por resultados estatísticos e cumprimento de metas.

Ela lembra, porém, que os magistrados, pelas especificidades que norteiam suas atividades, não podem trabalhar como quem atua em linha de produção. “A missão principal do juiz é refletir para uma boa decisão, algo que vai gerar impacto na vida das pessoas ou até mesmo mudar a vida em sociedade, corroborando sua função de agente de transformação social”, completou.

Adoecimento – Enfocando o tema central do evento - “Prevenção e Combate ao Assédio Moral no TRT6” – a juíza ainda apresentou dados de uma recente pesquisa feita pela Comissão de Saúde da Amatra VI, com mais de 100 respostas.  Os dados preliminares apontam para o adoecimento, físico ou mental, muitas vezes sem que procurem ajuda de um especialista.

“O conceito atual de saúde não mais é apenas a falta de adoecimento. É um estado de completo bem estar físico, mental e social. O momento atual é permeado de muitos medos, da contaminação pelo coronavírus, da morte, do desemprego, de perder nossos entes queridos. Enfim, é assustador e, por isso, precisamos estar alertas e nos prevenirmos, buscando caminho para o equilíbrio”, afirmou, enaltecendo a iniciativa da EJ6 por possibilitar uma oportunidade tão rica para a troca de olhares sobre uma realidade que é possível transformar.