Abrir espaço para relações profissionais mais éticas, respeitosas e diversas. Esta foi a finalidade da primeira iniciativa da Comissão de Gênero e Diversidade da Amatra VI. A live “A (in)visibilidade do trabalho informal e os obstáculos de acesso ao trabalho digno: acesso ao mercado de trabalho da população trans”, realizada no dia 20.05.2021, contou com cinco participantes que atuam em defesa da diversidade e inclusão, não apenas no mundo do trabalho.
A abertura foi da juíza Ana Freitas, diretora de Direitos Humanos da Amatra VI e a medição da magistrada Renata Nóbrega, em debate que reuniu a Co-deputada estadual Robeyoncé Lima; a procuradora do Trabalho Vanessa Patriota e a assessora jurídica da ONG GESTOS, Juliana Cesar.
A live está disponível na íntegra no canal da Amatra VI Youtube (Confira aqui)
Compromisso – Na abertura do evento, transmitido e disponível no canal do Youtube da Amatra VI, Ana Freitas falou sobre a desse momento. “A Associação demonstra, assim, seu compromisso contínuo com a promoção da equidade de gênero, raça, etnia, orientação sexual, de pessoas com deficiência ou intergeracional, além de outras dimensões”, explicou, agradecendo o apoio dos demais integrantes do grupo: a diretora Virgínia Sá Bahia, o associado Saulo Bosco Medeiros e a associada Ana Cristina Silva.
As apresentações foram intercaladas com a exibição de vídeos documentários, mostrando depoimentos de transexuais e as suas dificuldades de inserção no mundo do trabalho e no âmbito familiar. “Precisamos olhar de uma forma diferente, para a construção de uma sociedade que respeite a todos e todas. E que o Poder seja também para todos e todas”, afirmou Renata Nóbrega, lembrando que no dia 17 de maio foi celebrado o Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, um marco nessa construção.
Direitos – Com dados de um estudo que aponta que 33% das empresas brasileiras não contratariam pessoal LBGT (Lésbica, Gay, Bissexual, Travesti, Transexual e Transgênero (LGBT) e que 61% dos funcionários LGBT optam por esconder sua sexualidade no ambiente de trabalho, a Co-deputada estadual Robeyoncé Lima direcionou sua fala sobre a ausência de cidadania para esse público.
Esse cenário conta, segundo ela, com a inércia dos poderes constituídos, que não atuam para a efetiva mudança. Por isso, defendeu uma política forte, que venha garantir a presença de todos e todas nos espaços de tomada de poder. “Temos direitos e não vamos recuar”, afirmou.
Riscos – A procuradora do trabalho Vanessa Patriota chamou atenção para a integridade física da população LGBT, relatando casos de violência – seja física ou moral – no ambiente de trabalho, tendo o silêncio como comportamento padrão, para garantir a sobrevivência.
“Nada muda porque temos uma sociedade patriarcal, racista e heteronormativa”, disse, destacando que, no mercado de trabalho, há um processo de discriminação tão intenso que transcende e representa a negativa de existência dessas pessoas. “O mundo não é assim A vida é pluralidade; é preciso viver as diferenças e respeitá-las”.
Educação – Um dos assuntos abordados pela assessora jurídica da ONG GESTOS, Juliana Cesar, durante a live, foi a dificuldade de acesso à educação da população LGBT, o que desencadeia limitações para se conseguir uma formação atrativa para o marcado de trabalho. Isso gera um ciclo no qual essas pessoas terminam ocupando subempregos ou, em alguns casos, indo para a prostituição.
Juliana ainda alertou sobre outro grave ponto relacionado ao poder público: a ausência de dados sobre a população LGBT, com poucos elementos obtidos a partir do Terceiro Setor. “Com isso, revela-se uma omissão de cidadania, pois sem reconhecê-las, elas sequer têm direito de existir”, explicou.
“Precisamos mudar o sistema, para que possa oferecer oportunidades para todos. Isso só acontece com a ocupação dos espaços políticos, não apenas os institucionais ou de atuação social, onde temos avançado um pouco. Mas é preciso ir além”, concluiu.