Simpósio debate transtornos mentais no mundo do trabalho

Assessoria de Imprensa da Anamatra

Despertar e capacitar os gestores nacionais e regionais do Programa Trabalho Seguro para as particularidades e os problemas relacionados à saúde mental dos trabalhadores. Esse é o objetivo do I Simpósio sobre Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho, evento promovido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) nesta segunda e terça-feira (12 e 13/12). O evento é uma iniciativa do Programa Trabalho Seguro, que tem a Anamatra entre as entidades parceiras. O diretor de Assuntos Legislativos da Anamatra, Luiz Colussi, um dos gestores nacionais do Programa, participa do evento.


O tema transtorno mental foi escolhido pelo Conselho do Programa Seguro como foco para o ano de 2017, devido aos elevados números de adoecimento mental em decorrência do trabalho. Dados do Anuário Estatístico a Previdência Social referentes ao ano de 2015 mostram que, naquele ano, o INSS concedeu mais de 63 mil benefícios para trabalhadores diagnosticados com algum tipo de transtorno mental. A depressão, com 27 mil casos, foi responsável pelo maior número, em segundo, com 16 mil, os transtornos causados por uso de múltiplas drogas, seguido pelo álcool, com mais de cinco mil casos, e depois a cocaína, que já chega a mais de dois mil casos.


O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Ives Gandra Martins Filho abriu o evento, juntamente com as ministras Delaíde Arantes e Maria Helena Mallmann, e o desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira (TRT/MG), integrantes do Comitê Gestor Nacional do Programa Trabalho Seguro. Para o ministro Ives Gandra Filho, o tema é importante para o mundo do trabalho, uma vez que a saúde do trabalhador não está relacionada apenas aos aspectos físicos do ambiente de trabalho, mas também à questão do dia a dia de um trabalho, à carga psicológica envolvida, estresse, pressão, entre outros.


A palestra de abertura foi realizada pelo professor de psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, doutor em bioética e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. De acordo com ele, a saúde mental do trabalhador precisa ser tratada com muito mais seriedade e dedicação, já que afeta diretamente vida pessoal e profissional. Segundo o palestrante, o modelo de tratamento e prevenção do transtorno mental no Brasil é deficiente. O estigma dos transtornos mentais é a mais importante barreira a ser superada na comunidade, por impedir o tratamento e a reabilitação adequada dos pacientes, disse.


Justiça do Trabalho - Em 2011, a Anamatra realizou pesquisa, em parceria com a Faculdade de Medicina Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sobre a situação de saúde e condições do exercício profissional dos magistrados Trabalho. De acordo com os dados levantados, nos últimos 12 meses daquele ano, 33% dos juízes estiveram de licença-médica e, nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa, 26% deixaram de realizar tarefas habituais devido a algum problema de saúde.


Além disso, 41,5% declararam ter diagnóstico médico de depressão, 17,5% informaram usar medicamentos para depressão ou ansiedade, 54% dormiam mal, 28% estavam tristes e 51% disseram ser frequentemente ou muito frequentemente vítimas de insônia.


A pesquisa revelou também dados sobre a rotina atribulada dos magistrados do Trabalho, mostrando que mesmo quando estão fora da Vara ou do Tribunal permanecem exercendo as atividades da prestação jurisdicional. 84% dos participantes da pesquisa declararam que costumavam trabalhar em casa, 70% que trabalhavam aos finais de semana e 64%, nas férias.


*Foto: Felipe Sampaio/TST