Mundo do trabalho mantém relações precárias

Assessoria de Imprensa Amatra6

A precarização das relações de trabalho nas últimas décadas no Brasil foi amplamente discutida no segundo dia o XXII Encontro Regional da Amatra VI, realizado em Porto de Galinhas, em Pernambuco. O sociólogo paulista Giovanni Alves fez uma avaliação a partir da exibição do filme O homem que virou suco, de forte temática social-trabalhista e produzido em 1979, classificando a abordagem como extremamente atual por quase nada haver mudado de lá para cá, disse.


Para ele, o filme é rico em sua contextualização histórica, reunindo elementos para apresentar o avanço do neoliberalismo e também emblemático no processo de reconstrução democrática do país, à época vivendo o final da ditadura militar. O que vemos é um mundo do trabalho que quer nos moer, transformar por dentro, mas deixa uma mensagem sobre a importância de mecanismos que possam criar obstáculos a tais práticas por meio da cidadania, afirmou.


A exploração dos trabalhadores – mostrada também no filme – foi apresentada pela procuradora do trabalho Débora Tito, revelando que Pernambuco, em 2009, resgatou 429 pessoas que estavam em regime de trabalho escravo, tendo o Brasil registrado quase 2 mil casos por ano. Temos desafios para reverter a precarização do trabalho no país, e aqui podemos refletir sobre a dimensão do problema, completou.


O sociólogo José Meneleu Neto, da Universidade Federal do Ceará, ressaltou a atualidade da abordagem do filme e destacou o enfoque regional, já que o Nordeste continua sendo um celeiro de mão-de-obra barata para o país.


O encontro segue nesta sexta-feira (16) com a projeção do documentário Pernambuco o golpe: 1964-1979. A obra de Bráulio Brilhante e Cleonildo Cruz detalha o período através de depoimentos e análises sociológicas e servirá de mote para o debate entre o próprio Cleonildo, o pastor anglicano, professor de Direitos Humanos e Membro da Comissão da Verdade Dom Helder Câmara Manoel Moares e o juiz do trabalho Theodomiro Romeiro.


No encerramento do encontro, sábado, o juiz Humberto Vasconcelos falará sobre O trabalho infantil: difícil universo da criança e do adolescente.



 

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